Nascido em Caiena em 1944, Élie Stephenson é um dos escritores mais destacados da Guiana Francesa. Sua produção literária abrange diversos gêneros, incluindo poesia, romance, conto e teatro, marcando sua obra com um ativismo impregnado de lirismo e coragem. As peças teatrais de Stephenson são particularmente notáveis pela crítica incisiva à dominação colonial francesa, explorando o confronto entre modos de vida distintos e dando voz à resistência cultural guianense.
Uma característica central do teatro de Stephenson é o uso do crioulo da Guiana, uma escolha deliberada que reforça a conexão íntima com o povo e a cultura local. Suas peças, concebidas como dispositivos de desalienação, são ferramentas poderosas de resistência à dominação francesa, ecoando as vozes da comunidade através de uma linguagem autêntica e acessível.
"Travessias Amazônicas": Celebração e Intercâmbio Cultural
Neste contexto, o novo projeto do Movimento Cultural Desclassificáveis, "Travessias Amazônicas", surge como uma adaptação livre da peça "Un Rien de Pays" de Stephenson. Com estreia marcada para os dias 6 e 7 de setembro de 2024 em Caiena, e subsequente apresentação em Macapá, o espetáculo promete ser um marco na promoção da arte e cultura amazônica.
Sob a direção de Paulo Alfaia, "Travessias Amazônicas" se propõe a explorar o universo simbólico e as narrativas orais da Amazônia, transformando-as em uma experiência teatral única. A produção conta com um elenco talentoso, incluindo Ancy Clet, Bárbara Vento, Ivamar dos Santos, Hermina Duro e Roland Zéliam, entre outros, e promete transcender fronteiras culturais, oferecendo uma dramaturgia que é tanto uma homenagem quanto uma reflexão crítica sobre a realidade amazônica.
A Produção e Seus Colaboradores
A montagem de "Travessias Amazônicas" é resultado de uma colaboração transnacional, envolvendo artistas e técnicos do Brasil e da Guiana Francesa. A cenografia e figurinos, assinados por Valdes Mourão e Tonni Sylo, juntamente com a iluminação e visagismo de Yemollay Karipuna, garantem uma imersão completa do público no ambiente amazônico.
A coordenação de produção na Guiana Francesa é conduzida por Daniel Ho Kong, com Patrick Moreau na produção executiva. No Brasil, Paulo Alfaia também atua como produtor executivo, com Andreia Lopes coordenando a produção. As equipes de assessoria de imprensa, lideradas por Andreia Lopes no Brasil e Gersi Reis na Guiana Francesa, asseguram que a mensagem do espetáculo atinja um público amplo e diversificado.
Um Projeto de Cooperação e Valorização Cultural
"Travessias Amazônicas" é um projeto de cooperação cultural apoiado por uma rede robusta de patrocinadores e parceiros, incluindo o FCR Fundo de Cooperação Regional da Prefeitura de Guyane, a Direção de Cultura da Juventude e do Esporte da Guiana (DCJS), a Coletividade Territorial da Guiana (CTG), e a Secretaria de Estado de Cultura do Amapá (SECULT).
Com parceiros como ORACT, Oyapock Réseau Action, La Compagnie de l'Homme Aux Semelles de Vent, e o Instituto Baluarte da Amazônia, o projeto visa promover a arte e a diversidade cultural da região amazônica, incentivando o intercâmbio técnico e teatral entre os países.
A Promessa de uma Experiência Transformadora
O espetáculo "Travessias Amazônicas" é uma celebração da riqueza simbólica e da diversidade da Amazônia. Ao dar voz às histórias e tradições das comunidades amazônicas, a produção não só promove inclusão e respeito pelas diversas culturas, mas também fortalece os laços entre Brasil e Guiana Francesa.
Com uma narrativa poderosa e uma execução artística de alta qualidade, "Travessias Amazônicas" está destinado a ser um evento imperdível, oferecendo ao público uma oportunidade única de vivenciar o teatro como meio de resistência, reflexão e celebração cultural.
Parece que o destino reservou a tipos como Ataud e Stephenson a bandeira de resistência contra tudo e todos que impedem que vidas continuem. Isso nos mostra que devemos segui-los de uma vez que a arte e seus mecanismos são elementos indispensáveis nessa mudança. Já estou na plateia - Valdez Mourão