Açaí (Euterpe oleracea)
Árvore de troncos longos e delgados,
Mulher amapaense de cabelos cacheados,
Ora roxos, em terra de alagados
Ora na estiagem, esverdeados.
A mais desejada das palmeiras
Que nasce sem ser plantadas,
E crescem com sombras alvissareiras,
Que pelos ventos são balançadas.
Quando cantam a farfalhar,
Pelos ventos que as açoitam sem piedade,
Lembram embarcações em alto mar
Que levam seus frutos para outras cidades.
Filha da riquíssima Amazônia,
Do calor e umidade das nossas terras,
Chega a ser uma simonia,
Leva-las para longe dessas serras!
Teu nome tem poesia e tradições,
Em muitas estórias e canções,
Como nas lendas tem o Saci Pererê,
A Mãe d’Água e o tronco do Ipê!
O caroço enche as rasas,
Que em breve pela peneira passa,
É o vinho na cuia, não em taças
A denominada, Euterpe oleracea!
Para ser mais apreciado,
Sofres água fervente e alguidar,
Onde liberas teu sumo arroxeado,
Teu sangue é derramado para nos alimentar.
Tem no Norte e no Nordeste,
Terra do sol e do pau-de-arara!
No Amapá, como açaí conhecestes,
O que no Maranhão, é Jussara.
Nessa floresta tropical
Seu fruto se prolifera,
Suas palmas fazem sombra no quintal,
E cobre dos indígenas a tapera.
Nessas matas tem palmeiras,
Cercada de mistérios sem igual,
O açaí que nasce em touceiras
E, vira vinho, suco ou mingau!
Em Macapá, chega na Orla do Açaí,
Cestas de roxos e esverdeados cetins
Vêm de Calçoene e vários nichos sem fim
Que ficam às margens do Tocantins!