Para celebrar a história e incentivar os amapaenses a conhecerem o trabalho de escritores locais, do Brasil e do mundo, o Governo do Estado realizará a Folia Literária Internacional do Amapá, a partir da sexta-feira, 27. Serão três dias para fortalecer a popularização da literatura, impulsionar o crescimento do mercado editorial e incentivar a inclusão de novos leitores.
A programação contará com rodas de conversa, saraus, bate-papos com grandes nomes da literatura, performances poéticas, feira literária, teatro e música, além de atividades de formação, como palestras e oficinas.
O evento é coordenado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e pela Secretaria de Estado de Educação (Seed) como parte da celebração dos 80 anos de criação do ex-Território Federal do Amapá.
Entre os convidados, estão nomes como os da escritora indiana Shelly Bhoil, doutora em Estudos Literários pela Punjab University e autora de diversas obras premiadas. Também participa a autora paulistana e defensora pública Maria Fernanda Elias Maglio, finalista dos prêmios Candango e Oceanos em 2022.
O público terá, ainda, a oportunidade de conhecer o trabalho da poeta, escritora, palestrante e pesquisadora Sony Ferseck, que faz parte do povo indígena macuxi, de Roraima.
“Este é um projeto que traz essa proposta de popularizar não somente a leitura, mas as feiras literárias, aproximar o público dos nomes por trás de grandes obras e desenvolver esse prazer pela literatura. O Governo do Estado entende esse momento de celebração dos 80 anos do Amapá como um marco na história e que merece essa grande folia, celebração também da literatura”, aponta a secretária de Cultura do Amapá, Clicia Vieira Di Miceli.
Oportunidades
Para fomentar a economia editorial local, editoras poderão montar estandes de venda com preços acessíveis ao público, realizar rodas de conversa com seus autores, realizar campanhas de arrecadação e doação de livros, assim como sebos literários para fomentar a economia criativa local.
“Nosso objetivo é realmente criar um espaço dinâmico com atividades para todos os gostos e públicos, fomentando esse mercado local e popularizando a literatura como um ambiente democrático e acessível a todos”, reforça Clicia.
Confira o perfil dos convidados
José Inácio de Melo
Alagoano radicado na Bahia, é poeta, jornalista e produtor cultural. Publicou livros diversos e participou de coletâneas e antologias nacionais e internacionais.
Entre os prêmios de destaque da carreira estão o Prêmio O Capital (2005) com o livro ‘A terceira Romaria’; Prêmio QUEM (2015) da editora Globo, na categoria Literatura – Melhor Autor, com o livro ‘Sete’; e o Prêmio de Poesia Hilda Hilst (2022) da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, com o livro ‘Garatujas Selvagens’.
José Luís Jobim
Professor Titular da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisador do CNPq e Cientista do Nosso Estado (FAPERJ), Jobim foi Presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC). É autor de Literatura Comparada e Literatura Brasileira: circulações e representações (2021), Portugal segundo o Brasil (com Roberto Acízelo de Souza, 2019), Literary and Cultural Circulation (2017), dentre outras obras. É Pesquisador Associado do PRINT-UFF e do PROCAD Amazônia UFF-UFRR-UNIR.
Shelly Bhoil
Nasceu na Índia, em 1980, e reside em São Paulo. É doutora em Estudos Literários pela Punjab University, Índia. Autora do livro ‘An Ember from Her Pyre’ (Índia, 2016) e ‘Poemas em Construcción’ (Colômbia, 2023), entre inúmeras outras obras de relevância internacional. Em 2016 recebeu menção honrosa no Concurso Nacional de Poesia da Índia e ficou em terceiro lugar no Rabindranath Tagore, Concurso Internacional de Poesia.
Em 2011 ficou em primeiro lugar no Concurso Internacional de Escrita Tahoe Safe Alliance e recebeu menção honrosa no concurso FLEFF Checkpoint Story Contest, na Universidade de Ithaca, EUA.
Maria Fernanda Elias Maglio
É escritora e defensora pública. Publicou pela Editora Patuá os livros “Enfim, imperatriz” (Prêmio Jabuti, 2018), “179 Resistência” (Prêmio Biblioteca Nacional, 2020) e “Quem tá vivo levanta a mão” (finalista dos prêmios Candango e Oceanos, 2022).
Sony Ferseck
É poeta, escritora, palestrante, pesquisadora. Doutoranda em Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Literatura, Artes e Cultura Regional e graduada em Letras/Inglês pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e professora substituta no Instituto de Formação Superior Indígena Insikiran da UFRR.
Além de sua pesquisa, ela se dedica às suas próprias produções literárias como Pouco Verbo (2013), Movejo (2020) e Weiyamî: mulheres que fazem sol (2022). É co-fundandora, junto com Devair Fiorotti, da primeira editora independente de Roraima, a Wei.
Antônio Moura
Paraense, poeta e tradutor. Tem treze livros publicados: dez no Brasil (seis autorais, quatro de tradução) e três no exterior (Inglaterra, Espanha e México).
Entre estes, o livro “Silence River” ganhou, no Reino Unido, o prêmio John Dryden, com turnê de lançamento por oito cidades da Inglaterra, enquanto a antologia ‘A guerra invisível’ foi indicada ao Prêmio Candango (2022).
Flávio dos Santos Gomes
É professor associado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998-2022), foi pesquisador visitante na Nova Iorque University (junho-julho, 2014) e professor adjunto na Universidade Federal do Pará (1994-1998).
Possui os prêmios Literário Casa de Las Américas (2006), do Instituto de mesmo nome, além de menção honrosa na mesma premiação. Em 1993 e 2003, venceu o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa; em 1998, o Prêmio Brasil, 500 Descobrimentos da Fundação Cultural Brasil-Portugal.
Lilia Moritz Schwarcz
É professora sênior do Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar/ Visiting Professor em Princeton. Publicou vários livros, entre eles ‘Lima Barreto-Triste Visionário’ (2018), bem como ‘Contos Completos de Lima Barreto’ (2010).
Recebeu vários prêmios literários, como o Prêmio Jabuti (oito vezes), o prêmio APCA (três vezes), o prêmio Biblioteca Nacional e da Anpocs de Livro do Ano em 2019.
Salgado Maranhão (José Salgado Santos)
É poeta, jornalista, compositor (letrista) e consultor cultural. Seus primeiros poemas foram editados na antologia ‘Abolição da Escrivatura’ (Civilização Brasileira, 1978).
Ganhou vários prêmios, entre os quais, o Jabuti, em 1999, com o livro “Mural de Ventos”, e o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, em 2011, com o livro “A cor da palavra”. Seus poemas estão traduzidos em inglês, italiano, francês, alemão, sueco, hebraico e esperanto.
Jackson Costa
Ator e diretor, trabalhou em minisséries e novelas como ‘Pedra sobre Pedra’, ‘Renascer’ e ‘Tocaia Grande’. O ator interpretou o personagem ‘Deus’ na peça ‘Vixe, Maria! Deus e o Diabo na Bahia!’, dirigida por Fernando Guerreiro e dirigiu a peça ‘Nem Louco nem tão pouco’.
Em 2006, foi o principal nome masculino do longa ‘O Dono do Mar’, adaptação do livro homônimo escrito por José Sarney. Em 2007, esteve no elenco da microssérie ‘A Pedra do Reino’, dirigida por Luiz Fernando Carvalho em homenagem aos 80 anos do autor da obra, o escritor Ariano Suassuna. No mesmo ano, o ator participou da novela ‘Duas Caras’, da TV Globo, e do filme ‘Estranhos’.
Voltou às novelas em 2009, onde participou de “Paraíso”, da Rede Globo. No ano seguinte, o ator participou da minissérie “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor”, exibida pela Rede Globo.
Márcia Kambeba
É escritora, poeta, fotógrafa, locutora, compositora, ativista, educadora, atriz, roteirista, apresentadora, cantora, faz recitais, contadora de histórias, palestrante de assuntos indígenas e ambientais no Brasil e exterior. Compõe e canta em tupi, língua materna de seu povo, e em português. Também é roteirista, trabalhando na série ‘Cidade Invisivel’, da Netflix, com duas temporadas.
Nasceu na aldeia indígena Belém do Solimões, no Amazonas. Atualmente reside no Pará, desde 2011, onde faz doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem cinco livros publicados.
Manoel Herzog
Iniciou na literatura em 1987 com o livro de poemas ‘Brincadeira Surrealista’ e realizou diversas outras publicações ao longo dos anos. Em 2014 lançou, pela editora Patuá, ‘A Comédia de Alissia Bloom’, ficando em terceiro lugar no prêmio Jabuti (2015). Pela editora Alfaguara, publicou ‘A Jaca do Cemitério é mais Doce’, segundo lugar no concurso da Biblioteca Nacional.
Criado na cidade de Cubatão, onde trabalhou na indústria química e exerceu a advocacia. Atualmente vive entre Santos, São Paulo e Mogi das Cruzes, na zona rural de São Paulo.
Luís Pimentel
É jornalista e escritor. Nasceu em 1953, no sertão baiano. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas, foi autor-roteirista de programas de humor para a televisão e tem livros publicados em variados gêneros (romances, contos, crônicas, poesia, infanto-juvenis, música e teatro), por diversas editoras.
Por sua obra literária recebeu prêmios nacionais como o Literatura Para Todos, do Ministério da Educação; Cruz e Souza, da Fundação Catarinense de Cultura; Prêmio Cidade de Belo Horizonte de Dramaturgia; e o 200 Anos de Independência, do Ministério da Cultura. Em 2021, recebeu em Sintra, Portugal, o Prêmio Ferreira de Castro de Ficção Narrativa pelo volume de contos ‘Ainda tem sol em Ipanema’, recém-lançado pela editora Faria e Silva.
Mylène Danglades
É professora-pesquisadora na Universidade da Guiana e diretora da Unidade de Pesquisa do departamento de Migrações, Interculturalidades e Educação na Amazônia (Minea). Possui doutorado em Literatura Francesa dedicado à noção de vazio e tragédia no teatro de Samuel Beckett e Eugène Ionesco. A sua investigação centra-se no mal, na loucura, nas andanças do ser, nas questões de identidade e herança na literatura francófona. Dedica-se à poesia, às máximas e às reflexões metafísicas sobre o ser humano, as suas ações e as suas motivações.
Texto: Rafaela Bittencourt
Foto: Lulih Rojanski
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